Minha prateleira

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

[Conto 9] Garotas boas se tornam más

            Nunca pensei que encontraria ele naquela boate. Não, não o moreno de olhos verdes. Este já é praticamente passado na minha vida. Não. O loiro. Aquele loiro alto demais para me sentir poderosa, mesmo estando com meu salto que me dava, brincando, uns 1.85m. O loiro que vinha me infernizando nos meus sonhos, o loiro que era motivo para um bom banho demorado...

            Eu tinha combinado de ir para aquela nova boate com minhas cinco melhores amigas. Claro que eu tinha em mente pegar alguém lá e quem sabe o que mais poderia rolar... Mas não esperava por ele. Assim que percebi que ele estava lá e que ele percebeu que eu estava no canto, aproveitando com minhas amigas, foi - irônico dizer - atração fatal. Eu ouvi dizer que ele é perigoso, eu sei que ele é perigoso, mas o que posso dizer? Ele me faz querer perder o controle.

            O controle de tudo, e mesmo assim, não queria encontrar ele lá. Óbvio que ia sair faísca. Óbvio. Eu ouvi que ele é perigoso e mesmo assim me mantive ali desafiando-o com o olhar, tentando adivinhar o que afinal de contas ele queria. Tenho certeza que era eu. Me fiz de difícil. Fiquei lá no cantinho com minhas amigas quando todas já haviam percebido no que eu estava me metendo. Ahhh, e eu queria me meter bonito com aquele lá... Se é que você me entende...

            Ele pensava que eu era santa. Afinal, nos conhecemos em uma situação mais... suave, digamos. Ele não conhecia esse meu lado... Mas devo dizer, eu era uma boa menina. Eu estava sendo uma boa menina, até ele vir na direção com seu jeito felino de andar, sem desviar os olhos, mal piscando, com aquela barba por fazer e alguns fios do cabelo caindo suavemente pela testa, emanando mais testosterona que qualquer macho naquele clube. Aaaahhh, e você sabe que não resisto à testosterona. Feministas e lésbicas que me desculpem, mas nada melhor do que um bom homem com jeito, cheiro de homem e pegada de homem.

             Ele chegou perto e foi como se todos tivessem obedecido aquele olhar tão forte, tão cercado de fogo, porque parecia que não havia ninguém ao nosso redor. Não conseguia desviar o olhar também, então ele fez o que me deixou na situação que estou: com a blusa dele - somente a blusa dele - deitada na cama dele escrevendo isso. Ele chegou em mim, com cuidado de encostar apenas sua boca no meu ouvido e dizer:

"Eu quero fazer uma garota boa se tornar má hoje."

Adivinha quem se candidatou ao cargo?