Minha prateleira

domingo, 17 de outubro de 2010

[Conto 4] Espero que sofra...

Todo dia a mesma coisa. Acordo no finalzinho da tarde, e você nem está em casa. Talvez esteja no trabalho, talvez esteja num cabaret, talvez esteja com ela... No fundo, não me importo. No fundo, estou mentindo... Me pergunto qual a sensação que você tem quando chega em casa e não me encontra mais lá. Adoro imaginar isso.

Já faz um tempo que quero me livrar de você. Não porque não gosto mais de você, mas porque você não merece me ter. Verdade seja dita: eu sou boa demais pra você. Então, me pergunto aonde está aquele seu sorriso presunçoso? Aonde está o seu brilhoso carro? Nunca o vi tão tenso. Relaxe, querido. Agora é minha chance de mostrar pra você do que sou capaz.

Realmente espero que você sofra. Por tudo que ficou contido, por tudo que ficou escondido. Por tudo que não dissemos a nós mesmos. Por minhas palavras engolidas no meio da noite. Pelas lágrimas choradas no canto do quarto escuro quando você deveria estar lá me consolando, me apoiando.

Realmente espero que você sofra por todas as vezes que aguentei você com ela; por todas as vezes que ouvi o nome dela saindo da sua boca; por todas as vezes que tive que recorrer a outros porque você não dava conta. E agora que superei você, agora que somos realmente só amigos, você me quer?

Espero que sofra. Agora é minha vez da vingança. Estou no seu jogo. Você pensou que sua brincadeirinha era para apenas um jogador. Enganou-se, amor. Sou tão boa nesse jogo quanto você. Sou a Afrodite do século moderno. Sou de ninguém, mas todos são meus.

Só espero que você sofra. Consegui virar o jogo e agora quem fica sentindo minha falta é você. Tchauzinho, meu bem, pois agora quem vai sofrer é você.


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- Isso aconteceu com você? Você se sente do mesmo jeito? Me conta, então...