Minha prateleira

quinta-feira, 2 de junho de 2011

[Conto 10] Profundamente

            Sei o que você pensa. Você me magoou, tirou o melhor de mim e apenas jogou fora, como se fosse nada. Fiquei na escuridão por muito tempo, mas agora... Agora eu estou com esse fogo dentro de mim, pronto para explodir, para colocar pra fora tudo, e este fogo está me tirando da escuridão. Agora sim, agora eu posso ver quem você realmente é. Vá em frente, faça tudo que você acha que deve ser feito. Vá em frente e me traia, mas fique pronto, pois eu mostrarei tudo. Vou te expor de uma forma que nunca mais conseguirá mentir...

             Você vai me ver indo embora com cada pedacinho seu. Não vou deixar um caco para trás. Você estará tão quebrado, tão sem rumo sem mim, querido. Você não tem idéia do que sou capaz. Mas ainda sinto por você. Infelizmente as cicatrizes que você deixou para trás vai me manter lembrando que poderíamos ter tudo... Mas só por um tempo, enquanto você lembrará para sempre...

Você vai desejar nunca ter me conhecido...

             Ah, querido, pra que esse escândalo? Eu não tenho nada pra te contar, mas eu fiquei sabendo de uma sua, e não se preocupe, terei minha vingança como deve ser... Profunda, desesperadora... Deixarei você no seu poço de desespero pensando em mim, como sei que você ficará, mas eu não sou a traíra desse jogo. Aliás, pode brincar de casinha por lá, pois na minha casa você nunca mais entrará. Lágrimas vão cair e não serão as minhas... Ah, se vão...

            Tente. Mas tente mesmo. Você não vai encontrar ninguém mais pra aguentar o que eu aguentei... Consegui transformar meu sofrimento em ouro. Agora eu tenho o poder em minhas mãos e você pagará exatamente na mesma moeda, e colherá a merda que você fez...

            E de pensar que chegamos tão perto de ter tudo... Mas você se arrependerá profundamente por ter me conhecido. Você brincou comigo do começo ao fim e agora é a minha vez. Você pensará um milhão de vezes antes de fazer isso de novo... Melhor, você pensará em mim e lembrará da humilhação que o fiz passar...

Você vai desejar profundamente nunca ter me conhecido...



- em homenagem ao #SixSex.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

[Conto 9] Garotas boas se tornam más

            Nunca pensei que encontraria ele naquela boate. Não, não o moreno de olhos verdes. Este já é praticamente passado na minha vida. Não. O loiro. Aquele loiro alto demais para me sentir poderosa, mesmo estando com meu salto que me dava, brincando, uns 1.85m. O loiro que vinha me infernizando nos meus sonhos, o loiro que era motivo para um bom banho demorado...

            Eu tinha combinado de ir para aquela nova boate com minhas cinco melhores amigas. Claro que eu tinha em mente pegar alguém lá e quem sabe o que mais poderia rolar... Mas não esperava por ele. Assim que percebi que ele estava lá e que ele percebeu que eu estava no canto, aproveitando com minhas amigas, foi - irônico dizer - atração fatal. Eu ouvi dizer que ele é perigoso, eu sei que ele é perigoso, mas o que posso dizer? Ele me faz querer perder o controle.

            O controle de tudo, e mesmo assim, não queria encontrar ele lá. Óbvio que ia sair faísca. Óbvio. Eu ouvi que ele é perigoso e mesmo assim me mantive ali desafiando-o com o olhar, tentando adivinhar o que afinal de contas ele queria. Tenho certeza que era eu. Me fiz de difícil. Fiquei lá no cantinho com minhas amigas quando todas já haviam percebido no que eu estava me metendo. Ahhh, e eu queria me meter bonito com aquele lá... Se é que você me entende...

            Ele pensava que eu era santa. Afinal, nos conhecemos em uma situação mais... suave, digamos. Ele não conhecia esse meu lado... Mas devo dizer, eu era uma boa menina. Eu estava sendo uma boa menina, até ele vir na direção com seu jeito felino de andar, sem desviar os olhos, mal piscando, com aquela barba por fazer e alguns fios do cabelo caindo suavemente pela testa, emanando mais testosterona que qualquer macho naquele clube. Aaaahhh, e você sabe que não resisto à testosterona. Feministas e lésbicas que me desculpem, mas nada melhor do que um bom homem com jeito, cheiro de homem e pegada de homem.

             Ele chegou perto e foi como se todos tivessem obedecido aquele olhar tão forte, tão cercado de fogo, porque parecia que não havia ninguém ao nosso redor. Não conseguia desviar o olhar também, então ele fez o que me deixou na situação que estou: com a blusa dele - somente a blusa dele - deitada na cama dele escrevendo isso. Ele chegou em mim, com cuidado de encostar apenas sua boca no meu ouvido e dizer:

"Eu quero fazer uma garota boa se tornar má hoje."

Adivinha quem se candidatou ao cargo?



domingo, 19 de dezembro de 2010

[Conto 8] O que minha mãe faria?

Nunca fui santa, mas também nunca fui muito pecadora. Só um pouco; só o suficiente. Você sabe, você sabe melhor do que eu que tipo de garota eu sou. Talvez o tipo que gosta da noite, talvez o tipo que gosta de sair. Talvez eu seja do tipo que minta um pouquinho; ou talvez eu apenas seja sem esperança.

Mas o que minha mãe faria se soubesse sobre nós? Você sabe que não resisto, não posso controlar a forma como você me machuca. É bom. Acho que sou masoquista. Mas porque eu deveria me sentir envergonhada ou culpada? Nós não fizemos nada de mais, e o jeito que você me machuca é bom... Bom até demais. Me pergunto se eu também te machuco, porque, se não, eu quero. Quero muito machucar você. Fazer você implorar para que eu pare...

Como você sabe, todas as coisas que uma garota deve saber são todas as coisas que ela não pode controlar. Eu tenho sede de conhecimento, e quero me aprimorar em você. Sei que não tenho sido uma boa garota para merecer isso, mas você é tão bom. Bom o suficiente para fazer o que quero; você é apenas... suficiente... Mas não se espante se eu te largar. Eu não posso controlar as coisas que acontecem ao meu redor.

E me pergunto novamente: o que minha mãe faria se soubesse sobre você e eu? Bem, no fundo não importa, ela não pode fazer mais nada. Já estamos marcados e nada pode mudar isso. Já estamos machucados pelos nossos desejos e gostamos disso. Por que não? Por que evitar se podemos nos machucar mais e mais? Ninguém poderá mudar isso, garoto.

Aaaahhh, esses olhos num tom variante de verde e azul que me fazem delirar. Ah, se minha mãe soubesse... E se meu pai me visse desse jeito? Quero nem pensar, porque eu quero continuar sendo machucada por você. Machucada de todas as formas, em todas as posições, de todas as possibilidades, porque minha mãe não fará nada para mudar isso. Eu ganhei você. Agora já era, menino.

Agora me pergunto, garoto, o que você faria se soubesse sobre aquele outro?



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

[ENCERRADA] [promoção] Sessão Cinema

PROMOÇÃO ENCERRADA. DIVULGAÇÃO EM BREVE.




Olá pessoal! Fim de ano e várias promoções por aí. Como ainda não consegui parceiros pra sortear livros (snif, snif) e como ainda não estou pronta para passar adiante os meus como Thanny está fazendo, eu decidi sortear um par de ingressos pro cinema do Shopping Tambiá em João Pessoa.

Então, o que fazer para participar?

Regras

1. Ser seguidor de um dos meus três blogs: Livros Por Uma NovataCríticas de Uma Novata, Contos de Uma Garota. Pra isso, basta ter uma conta Google (Orkut)Twitter, ou Yahoo. Lembrando: TEM QUE SEGUIR PUBLICAMENTE.
2. Residir em João Pessoa;
3. Preencher formulário AQUI.
4. Pode se inscrever quantas vezes quiser.
5. Deixar um comentário neste post.
6. Tuitar quantas vezes quiser a seguinte frase:
-


Eu quero o par de ingressos da SESSÃO CINEMA que @acnaibmai está sorteando! http://bit.ly/fFQdUN

-

A promoção é válida até às 23:59 do dia 23/12/2010

Como os ingressos são válidos até 29/12/2010, o sorteio será feito dia 24/12/2010 e a entrega dos mesmo será feita no dia seguinte (25/12/2010), com direito a fotos. xD

Participem!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

[Conto 7] Fogo

Eu entrei no seu carro relutante. Mas era só charme, você sabia disso. Eu estava me fazendo de difícil há algum tempo, e você, pacientemente, fazendo tudo pra eu quebrar a barreira. A questão era: quanto tempo eu levaria pra encontrar seus olhos profundamente conectados aos meus para, enfim, me render de vez? Bastava um olhar seu e todo meu esforço, toda minha frieza ia pra água abaixo.

E você sabia disso, seu safado!

Você ligou o som apenas para ter motivo pra conversar. Então, vi sua mão descer do rádio lentamente até minha coxa. Maldita - ou bendita - hora na qual escolhi aquela saia pequenininha que você gosta tanto. Tirei sua mão suavemente deixando um gostinho de quero mais, mas ao mesmo tempo dizendo "Não". Mas você sabe que sou uma mentirosa e que minto muito mal. Eu queria. Mais que tudo, eu queria.

E você sabe melhor do que ninguém que nosso beijo é como fogo... Queima de um jeito que nenhum outro beijo no mundo faz. Com ele podemos incendiar Londres, Paris, Madri, Lisboa... Onde você quiser. E sabendo disso, você me provoca procurando por minha boca tentando não desviar da estrada.

Já é tarde, e uso a velha desculpa que preciso ir pra casa. Você me pede pra ficar, e eu digo "Não". Mas você sabe que quero ficar. Quero fazê-lo queimar até virar pó. Quero queimar você com meu fogo de um jeito que você nunca mais poderá ser queimado. Você insiste mais uma vez, se aproximando, sabendo que a qualquer momento eu poderei ceder.

E assim eu o faço. Saímos do carro, resistindo à tentação de queimarmos ali mesmo, no vão - que pareceu longo - entre o carro e a porta da minha casa. Sabia. Desde o momento que entrei no carro dele eu sabia que terminaríamos assim. No fogo. Queimados até as cinzas.

Quando menos percebo, já estamos no fogo. Já estamos queimando toda a casa por onde passamos. Porta, corredor, parede, cama, parede, mesa, banho, parede, porta, cama, chão, sofá, chão, parede... Apenas queimando.

Pode me queimar, mas não se esqueça que eu posso transformar você em cinzas com um estalar de dedos.


Homenagem a @dihc123 (especialmente ele), @GilsonOaken, @AndDih e @Maximo_Thay

sábado, 20 de novembro de 2010

[Conto 6] Três...

Eu chamei. Você atendeu. Você sabia que íamos chegar a isto em algum momento. Você sempre soube do meu desejo. "Vamos?" "Sim, porque não?". Depois de implorar de joelhos, você aceitou. Não foi fácil; você disse que isso era errado. Não, não mesmo. É apenas diversão.

Vamos sair e nos divertir. A vida é curta e temos que aproveitar. Nada de discursos de castidade ou puritanismo. Não que não seja pecado o que faremos - para mim não é -, mas se quiser podemos conversar sobre o número. Um é sem graça; dois é clichê; já três... o três é tentador e diferente. Sei que você gosta do dois, mas não custa nada tentar o três... ou o quatro... ou o cinco...

Eu lhe pedi de joelhos novamente, implorando... De joelhos, do jeito que você gosta. Aí sim você me atendeu e disse "eu, você e ela", enquanto que eu disse "eu, você e ele". Podemos fazer quantas vezes você quiser, mas o número tem que ser o três. Eu sei que no fundo você quer... Você quer muito... Sei também que você quer um pedacinho de mim, mas eu só vou dar quando fizermos o três.

Apesar de gostar do três, meu número da sorte é sete. Será que eu conseguiria chegar a sete? Muita pretensão ou apenas um desejo infinito de brincar? Eu gosto de brincar, então, por que resistir? Minha brincadeira é muito mais divertida do que a sua de Príncipe e Princesa. Eu gosto dos vilões e você ainda não percebeu isso.

Você prefere o dois, mas não sabe o quão bom pode ser o três... o quatro... no chão... na cama... na mesa... no banho...

domingo, 17 de outubro de 2010

[Conto 5] Coisas más

Ahh com eu quero. Não só hoje, não só esta noite. Sempre. Eu quero sempre.

Você me deixou assim, rapaz. Não adianta fugir. Você queria que eu desejasse você mais que tudo no mundo e agora que você conseguiu, está me ignorando, me esnobando? Jamais! Eu quero... E você sabe o que eu quero. Aaahh, como quero... Você veio com seu jeito de menino, sempre brincando, sempre entrando em meus jogos. Sempre me seduzindo com esses olhos tão verdes... Agora eu quero, garoto. Aaahh, se quero!

Me deixar na vontade não vai adiantar de nada. Você será meu. É como dizem: quem brinca com fogo, pode se queimar. Você me deixou no fogo, e agora quero queimar você. Não consegue apagar? Então, porque jogou o fósforo, sabendo que eu era gasolina? Por que insistiu tanto em querer me ver queimar?

Ah, garoto, você não faz idéia do quão tentador você é para mim. Seu caminhãozinho não é suficiente para mim. Traga um maior e enche-o de água... Ou de mais gasolina... Você escolhe. Se render e se entregar, ou ficar tentado e apenas imaginar como seria ter a mim em sua cama. Imagine, garoto. Apenas imagine e me dê a resposta...

Mas se demorar demais, pode ser que apareça outro com um caminhão do meu porte e traga a água que preciso para me acalmar, e mesmo estando com ele, estarei pensando em você. Na forma como você aumentou meu fogo, como você me atiçou...Ahhh, como eu quero, garoto... Aaahh, se quero...

Eu quero fazer coisas más com você.



- Homenagem à @GilsonOaken, @Maximo_Thay, @AndDih, @romulofelipe e @nontha_23.

[Conto 4] Espero que sofra...

Todo dia a mesma coisa. Acordo no finalzinho da tarde, e você nem está em casa. Talvez esteja no trabalho, talvez esteja num cabaret, talvez esteja com ela... No fundo, não me importo. No fundo, estou mentindo... Me pergunto qual a sensação que você tem quando chega em casa e não me encontra mais lá. Adoro imaginar isso.

Já faz um tempo que quero me livrar de você. Não porque não gosto mais de você, mas porque você não merece me ter. Verdade seja dita: eu sou boa demais pra você. Então, me pergunto aonde está aquele seu sorriso presunçoso? Aonde está o seu brilhoso carro? Nunca o vi tão tenso. Relaxe, querido. Agora é minha chance de mostrar pra você do que sou capaz.

Realmente espero que você sofra. Por tudo que ficou contido, por tudo que ficou escondido. Por tudo que não dissemos a nós mesmos. Por minhas palavras engolidas no meio da noite. Pelas lágrimas choradas no canto do quarto escuro quando você deveria estar lá me consolando, me apoiando.

Realmente espero que você sofra por todas as vezes que aguentei você com ela; por todas as vezes que ouvi o nome dela saindo da sua boca; por todas as vezes que tive que recorrer a outros porque você não dava conta. E agora que superei você, agora que somos realmente só amigos, você me quer?

Espero que sofra. Agora é minha vez da vingança. Estou no seu jogo. Você pensou que sua brincadeirinha era para apenas um jogador. Enganou-se, amor. Sou tão boa nesse jogo quanto você. Sou a Afrodite do século moderno. Sou de ninguém, mas todos são meus.

Só espero que você sofra. Consegui virar o jogo e agora quem fica sentindo minha falta é você. Tchauzinho, meu bem, pois agora quem vai sofrer é você.


sábado, 17 de julho de 2010

[Conto 3] Sobrenome

Aaaaahhhh, ontem à noite. Que noite. Talvez eu tenha tomado um pouco demais do meu veneno. Eu nem pensei. Quando o vi entrando por aquela porta grande demais pro meu gosto, nem pensei. Aqueles perseguidores olhos verdes. Verdes demais pro meu gosto. E aquela boca, huh? Tão apetitosa...

Mas não me lembro nem do sobrenome dele. Seu nome era Jacob, mas ele se apresentou como Jake. E essa palavra ficou na boca a noite toda... A cada toque, a cada suspiro, a cada movimento... Noite passada me servi um pouco demais do meu veneno e nem pensei. Nem conseguia com olhos tão verdes me seduzindo, me desejando...

Era pra ser apenas uns amassos pra matar o tédio naquela festa chata. Ainda bem que não foi só isso. Melhor noite que a que eu tive ontem nunca mais terei. Sei que você deve tá pensando que posso repetir a noite passada. Não, não posso. Acabei perdendo o número dele e se, por algum milagre, ele ainda tem o meu, não creio que vá ligar.

Ele só tinha um defeito: a esposa. Não sei como uma mulher tem a sorte de ter um homem daqueles na cama e aparentemente não dá conta do recado. Ah, como ele parecia insatisfeito... Tomara que ele tenha se satisfeito ontem à noite com eu, assim, quem sabe, ele pode me ligar, mas nem tenho esperanças.

Ontem à noite... Ah, como eu queria que ontem à noite nunca acabasse. Mas acabou e agora tenho que seguir em frente, mesmo sabendo que nunca mais terei uma noite daquelas. Ahh, ontem à noite. E minha mãe ficaria muito, muito, muito envergonhada se soubesse. Ohh, se ficaria...

Ainda pensando nele, meu telefone toca. Minha mente louca pensar por um segundo que poderia ser ele. Não, não acho. Mudando de idéia, rapidamente atendo nem vendo qual o número. Ops. Me dei bem.


terça-feira, 6 de julho de 2010

[Conto 2] Viciada...

Eu não. Juro. Não queria ficar viciada nele, mas foi ele que fez isso comigo. Me controlando, me julgando, sendo eu... Eu era tão nova, tão boba, tão viciada nele... Tão inocente e aceitei tudo que ele impôs pra mim silenciosamente. Tão silenciosamente que não ouvia nem minha respiração. Tão... não eu...

Eu tentei. Juro. Eu tentei não cair em tentação toda vez que ele chegou perto de mim, mas era inevitável. Algo me puxava para ele. Algo verdadeiramente mau me puxava para ele. Ele era minha droga. Ele era o medo que não podia enfrentar. Eu estava presa.

E eu sei que nunca terei uma companhia assim. Eu não podia respirar sem ele aqui, e eu deixei ele ter todo o controle. Era nada... só ele... somente ele... Não podia fazer nada. Ele sempre estava me consumindo. E deixei isso acontecer por muito mais tempo do que imaginei. Nunca conseguirei pensar por mim mesma. Eu sei disso.

Ele me provou isso. Até hoje ele me interrompe, nos meus pensamentos, nos meus sonhos... Não posso mais ser concertada. Eu era nada antes dele e me tornei pior que isso agora que ele me superou. E eu ainda estou viciada nele. Tão viciada e tão abstinente.

Não deveria ser assim. Ele me prometeu que não seria e, mesmo assim, foi. Não tenho certeza sobre o que aconteceu, não mesmo. Não sei quando começou e não sei quando vai terminar. Só tenho uma certeza: é ele que vem na minha direção agora, depois de tantos anos.

Ainda com o mesmo sorriso confiante, com os mesmos cabelos lisos esvoaçantes, com os mesmos olhos tão verdes que causam inveja até à mais verde folha da árvore que um dia deitamos juntos. O que ele está fazendo aqui? Não sei, e sinceramente, não quero saber.

No fundo, há algo vivo dentro de mim que ainda clama por ele. Algo que sei que ele pode despertar a qualquer momento, mesmo agora enquanto conversamos amigavelmente e ele me apresenta sua esposa e filho. "Somos velhos amigos", ele diz. Fecho os olhos e abaixo a cabeça, depois desisto e levanto rapidamente. 

Se é pra ser assim, então, assim permanecerei: amiga e viciada nele.